22 de fevereiro de 2014

Mãos de dois gumes.

A mesma mão que me afaga
É a que me mata.

É a mão que me protege
E me afasta de minha espada.

A mão que me agrada com bons presentes
É a mesma que me arranca meu melhor talento.
Transforma a sintonia do meu viver
E adia a minha paz enquanto a aguardo com grande ansiedade.

A mão que me desarma
A mão que me conquista
A mão que me acolhe e me lava
E me põe de volta à vista
Da real natureza de minha sina.

A mão que me afaga
É a mesma que me mata.

O Almagesto

"Oh, anjos que seguram minhas asas para que eu possa voar
Ninfas que me sustentam se esforçam para me alimentar
Eu não quero mais o trono.
Não que eu não seja digno,
Mas já não posso suportar
O peso de limitar minha vã vida
Em ser servido com mordomia para sempre."


Me deem um pouco de morte em meus dias, para que eu entenda o que é a vida. De que importa se eu morrer? Pelo menos nas árvores nascerão frutos de alguém que sonhou em dar valor à vida.

30 de dezembro de 2013

Antithesis Phrenesis XXVI

Palavras são importantes
Para-conectar-memórias        perdidas
Estrofes       ...      distantes
De poesias antigas.

Antithesis Phrenesis XXV

Um tempo preso no momento
De uma história presa na memória
De uma noite a pesar saudade
E sentimentos de solidão.

Antithesis Phrenesis XXIV

Ineficazes brilhos, desenhos feitos
De de estrela
Que tingem a minha vontade
De te encontrar onde te perdi.

Antithesis Phrenesis XXIII

Luz, enigma, suicídio quântico

Pensamentos fortes, rápidos, de nenhum âmbito

Pensar para pesar, já que criar limita o universo

Pensar para pesar, já que morri nesse verso.

Antithesis Phrenesis XXII

O movimento faz a música
A música faz a forma do movimento
Um surdo zummbido que fecha a porta do sofrimento.

Madeira vermelha

Vê se busca na adega
Aquela safra de 72
Pois quem garante que o senhor
Não vá morrer depois?

Poesia de porão

Poesia de vanguarda
Daquelas guardadas
Recitada por ratos
Em revolução.

Antithesis Phrenesis XXI

Pontes sombrias

Que ligam zumbis

Às chaves da inexistência eterna.

24 de setembro de 2013

Velho estilete

Não me corta
Mas de tantas fricções
Me mantém áspero
E sem tanta rigidez.

Não me corta
Mas de tantas aflições
Acaba por me despedaçar
Sem piedade; e de vez.

17 de setembro de 2013

Tato

Há uma carícia no paladar das flores
Quando há uma marca de desejo
                                          no som das cores
Nadar sem         desprezo
É um desenrolar de palavras sábias sem desespero
                                                                
Não posso te ver de novo
       Antes que seja por livre anseio.